A escola pública como máquina de guerra

Autores

DOI:

https://doi.org/10.20435/serie-estudos.v24i50.1196

Palavras-chave:

Escola pública, dispositivo pedagógico, equipamento coletivo, máquina de guerra, pedagogia freireana.

Resumo

Objetiva este artigo discutir a escola como dispositivo pedagógico no capitalismo contemporâneo. Discute como, na sociedade contemporânea, os corpos encontram-se atravessados por gigantescos processos de dessubjetivação, que visam à reprodução da máquina de governo das pessoas, das populações, das instituições – dentre, essas, as escolas públicas desconectadas da vida política, atuando como equipamento coletivo em relações regidas por automatismos, sem resistência ao instituído. Debate como Rousseau e Kant, por caminhos diferentes, deram suporte às duas grandes vertentes do pensamento pedagógico moderno e seus reflexos na configuração da atual escola pública. Defende a possibilidade de a escola pública atuar como máquina de guerra, movimentando nosso pensamento e nossas ações para outros modos de estar escola e coletivo. Apresenta como possibilidade o caso brasileiro da escola pública como máquina de guerra: a escola pública aprendente de Paulo Freire.

 

Biografia do Autor

Janete Magalhães Carvalho, Universidade Federal do Espírito Santo - UFES

Doutora em Educação; professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Espírito Santo e pesquisadora 1D (PQ-CNPq).

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Publicado

2019-04-10

Como Citar

Carvalho, J. M. (2019). A escola pública como máquina de guerra. Série-Estudos - Periódico Do Programa De Pós-Graduação Em Educação Da UCDB, 24(50), 103–120. https://doi.org/10.20435/serie-estudos.v24i50.1196

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Artigos